DIA INTERNACIONAL DE TEATRO: CELEBRAÇÃO PARA MOSTRAR A IMPORTÂNCIA DESSA LINGUAGEM ARTÍSTICA

Reportagem: Caroline Rossetto

O teatro é uma arte bastante democrática. Além disso, lida com emoções primárias com um palco diante de nós, convidando o público a entrar naquele curto espaço de tempo a fazer uma imersão em uma história. Se for boa ou ruim, depende da experiência pessoal de cada um.

O teatro nasceu na Grécia há mais de 2500 anos e seus primeiros gêneros foram a tragédia e a comédia e a civilização grega produziu obras com valores e que, consequentemente, se enraizaram e moldou a nossa cultura contemporânea e que são representadas até hoje. Desde então, surgiram inúmeras vertentes que demonstram uma grande riqueza dessa linguagem artística.

O diretor, dramaturgo e professor de Arte Dramática da USP, José Fernando Azevedo nos explica o porquê o dia Internacional do Teatro é comemorado no dia 27 de março:

“Na verdade, esse dia foi criado em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro, que é um órgão vinculado à Unesco. Inicialmente, era uma data comemorativa em torno do teatro, do significado e importância dele para a sociedade. Imagino que o princípio disso tenha a ver com o papel dele como uma arte pública na modernidade. Basicamente, a discussão que esse Dia Internacional do Teatro traz é o teatro como arte pública”, afirma.

José Fernando também nos lembra, que apesar do teatro ser considerado arte, antes de mais nada, é um trabalho sério, que envolve profissionais como técnicos, pesquisadores, produtores e que precisam de condições para que isso possa ser viabilizado. E que fazer teatro na periferia, que abordam mais temas de cunho social, pode ser tão trabalhoso quanto:

“Parte do meu trabalho tem a ver com que chamamos de “teatro negro”. Dou aula em em uma escola pública, no contexto da universidade, que recebe cada vez mais, a partir das cotas, recebe alunos negros, vindos da periferia, bem como a discussão sobre a dimensão trans que se torna cada vez mais presente dentro da escola. Eu olho para essa experiência que você descreve na periferia de uma outra maneira. Tenho a impressão de que ela é o resultado de uma experiência única na história do teatro brasileiro, que vem no final dos anos 1990 e da primeira década dos anos 2000 que foi a emergência e a organização de grupos teatrais, através de uma luta efetiva que passa pelo dia 27 de março, porque foram muitos dias de luta e mobilização e então tem muito a ver com o modo como muitos desses artistas se inscreveram na periferia, produzindo, mobilizando, se inscrevendo em lutas muito efetivas. Ao menos tempo, tudo o que vivemos neste últimos 20 anos nesse país, um processo de transformação social, ainda que relativo, mas que implicou em mobilidade social, muita gente acessando a universidade e no cruzamento disso tudo, tem uma espécie de espraiamento nas práticas artísticas, inclusive o teatro, que serve, e uma primeiro momento como forma de mobilização e organização e que se descobre como forma de possibilidade de expressão e trabalho. Não é por acaso que temos algumas escolas públicas de teatro na cidade. Então, o teatro na periferia tem a haver com uma experiência social e política que aparecem nesses temas que você descreveu”, conclui o professor.

Ainda sobre a era clássica, os romanos foram os responsáveis por levar o teatro por toda a Europa, embora, a Alta Idade Média tratou o tema com bastante preconceito e aversão.

No Brasil, o teatro feito no período militar, apesar de ser muito perseguido e com as liberdades de pensamento, e ir e vir ameaçadas, conseguiu se manter e embora difícil, propiciou o encontro entre artistas e plateia.

Para as comemorações teatrais, o Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, está com uma peça musical até o dia 10/04, a Temporada Missa Leiga, cuja peça é um convite a debater temas atuais, como a liberdade em geral.

Avenida Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro

Horários: quintas, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h INGRESSO: R$ 20,00 | Retirar ingresso 1h antes

Este projeto foi realizado com o apoio da 5ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária para a Cidade de São Paulo.