Câmara muda requerimento e CPI do Padre Júlio Lancellotti pode ser aprovada
Movimentos populares lotaram Câmara de SP dia 11 de março em solidariedade ao
padre Júlio Lancellotti
Após CPI tirar foco de ONGs e mirar padre Júlio, vereadores e integrantes da Igreja
denunciam manobra da extrema direita. Com 75 anos de idade, padre Júlio trabalha
junto à população vulnerável há mais de 40 anos.
Atualmente, coordena a Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de São Paulo. Ele é
o padre responsável pela paróquia de São Miguel Arcanjo, da Mooca, desde 1986,
época em que começou suas atividades junto aos movimentos sociais.
Movimentos populares, vereadores do campo progressista e integrantes da Igreja
Católica lotaram dia 11 de março o Auditório Prestes Maia, da Câmara de São Paulo,
em um ato de apoio "incondicional" ao padre Júlio Lancellotti.
Em janeiro, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador Milton Leite
(União Brasil), enviou à Arquidiocese um vídeo de cunho sexual, sem autenticidade
comprovada, relacionando-o ao padre Júlio Lancellotti.
Perseguição é o que a maioria pensa dos participantes que denunciam o que chamam
de "pé da extrema direita” ao religioso, que é alvo de uma proposta de Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) de iniciativa do vereador Rubinho Nunes (União), ligado
ao Movimento Brasil Livre (MBL), grupo bolsonarista ligada ao Ricardo Nunes.
Um vídeo circulou pelas redes sociais em meio à tentativa de criação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho de lideranças que
atuam em prol da população de rua, especialmente o padre.
A estudante de geografia Carla analisa que existe uma parte da popular e da bancada
bolsonarista fascista que persegue o Padre Júlio ou quem ajuda as pessoas mais
vulneráveis, principalmente os miseráveis abaixo da linha da pobreza que vivem em
situação de morador de rua
“As ações que o Padre Júlio Lancellotti tem feito é de fato trazer a humanidade as
pessoas, porque, quem está em situação de vulnerabilidade, na situação de rua, essas
pessoas não são vistas, nem como seres humanos, e eu acho que a gente precisa
fazer mais parte desse processo, que na prática tem acontecido. É cada vez que o
acirramento do capitalismo tem deixado cada vez mais as pessoas adoecidas. Isso é
de fato uma situação que contempla a realidade do fascismo, qual a justificativa de um
padre que faz ações humanitárias é colocado de forma de vergonha num ambiente
nacionalmente, sendo que hoje têm os bolsonaristas. Que apoiaram o golpe inclusive o
Bolsonaro e não foram presos até hoje?”
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) disse que “não é o padre Júlio quem está sendo acusado, mas sim toda a
igreja que defende os pobres". Atacar o padre Júlio Lancellotti é atacar os movimentos
populares.”
O padre Tarcísio Marques Mesquita, representando a paróquia de São Miguel Arcanjo,
à qual pertence padre Júlio, diz que os integrantes da comunidade na zona leste de
São Paulo voltaram após 15 dias a decisão sobre a instalação da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) das Organizações Não-Governamentais (ONGs), para
investigar o padre Júlio Lancellotti e seu trabalho junto aos dependentes químicos da
região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Milton Leite (Republicanos) e da maioria
dos parlamentares, avalia que não há elementos suficientes para a instalação da CPI,
já que ela carrega em seu escopo original e formal uma proposta de investigação de
ONGs, mas que na prática e no discurso é usada por seu proponente, o vereador
Rubinho Nunes (Republicanos), como “plataforma política” e para “atacar” Lancellotti.
Reportagem: Márcia Brasil
Fonte: Câmara dos Vereadores / Agência Brasil / Brasil de Fato
Imagens: Márcia Brasil
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